Na idade média, as villas de Reigoso e Sovereira eram coutos por padrões e as inquirições de 1258 revelam como senhorio o Alcaide Cerveira nestes termos: “Reygoso e Sovereira fuit de alcayde Cerveyra, et testavit tolum albergarie de Reygoso et es cautum per patronos; et Santa Crux habet comenda de ipso cauto”. Deste latim “aportuguesado” podem colher-se três linhas de força: o citado senhorio do Alcaide Cerveira; a oferta da Albergaria; a existência de um couto e da ligação com os frades crúzios de Coimbra.

Etimologicamente, à semelhança do que acontece com Reigoso em Montalegre, pode estabelecer-se uma espécie de cadeia (tendo em conta que este topónimo se prende com a existência de muitas raízes) do seguinte modo: Radicosu > Radigoso > Raigoso >Reigoso.

Antiga sede de um julgado de paz, esta paróquia tem de procurar as origens bem mais atrás, pois há fortes indícios de S. Lourenço existir muito antes do séc. XII. A freguesia apresenta, por outro lado, uma grande antiguidade, conclusão que se tira dos vários vestígios pré-históricos e romanos ali encontrados.

Celebrizada pelo Alcaide Cerveira, as origens de Reigoso têm de procurar-se milénios atrás. O Murado em ruínas, junto à povoação da Várzea, em plena Serra do Ladário, pode situar-se em épocas bem anteriores ao nascimento de Cristo. Tem ligações com as civilizações castrejas, que escolhiam locais de razoável altitude, de boa posição estratégica e de largo alcance visual, características que ali são notórias. Espalhadas por uma vasta área, encontram-se as ruínas de grossas muralhas e de habitações pré históricas, hoje a não passarem de um extenso amontoado de pedras caídas.

Este documento, só por si, atesta a longa existência de aglomerados humanos, mas outros se lhe podem juntar: as mamoas, referidas pelo Professor Amorim Girão, nas já citadas povoações de Várzea e Reigoso, testemunham isso mesmo. Aliás, insere-se esta terra num cordão de grande pendor pré-histórico que, no concelho de Oliveira de Frades, começa em Paredes – Ribeiradio e se estende por Travassos e além, com várias dezenas de mamoas e outros monumentos de maior envergadura como a Anta de Antelas.

O Império Romano privilegiou estas paragens, quando as dotou de uma estrada que durou séculos sem fim e fez a ligação entre o litoral e o interior. Foi de tal maneira importante que, nas Memórias Paroquiais de 1758, ainda se referenciava como a estrada que ia para Coimbra, Porto e Aveiro. Em Entráguas, por exemplo, conservam-se ainda mais de 80 metros dessa via, entre a Capela de Santo António e o regato, com uma fisionomia bem definida e os contornos em evidência. A presença dos Romanos aparece ainda em destaque nos marcos miliários, que conseguiram sobreviver. Nesta localidade encontram-se dois desses, dedicados aos imperadores Numereano e Constantino Magno.

 


Texto extraído da Monografia de Oliveira de Frades – Edição da Câmara Municipal - 1991